Estatinas e a Redução do risco Cardiovascular

A ciência já provou que o colesterol está diretamente relacionado com as doenças cardiovasculares. Isso significa que quanto maior a concentração de LDL (colesterol ruim), e menor a de HDL (colesterol bom), maiores as chances de desenvolver doença aterosclerótica – causa de doença arterial coronária com risco aumentado de desenvolver infarto do miocárdio ou morte súbita. 

Para evitar que isso aconteça, especialmente nos casos de alto risco, o tratamento com estatinas, associado à adoção de hábitos saudáveis, é amplamente recomendado.

Segundo publicação do European Heart Journal:

  • Em um estudo de quase 15 anos, as pessoas que suspenderam o tratamento com estatinas tiveram 26% mais infartos. Apresentaram também 18% mais mortes por doenças cardiovasculares.
  • Pesquisas recentes, com mais de 25 mil pessoas, apontam que a redução de 1 mmol/l de LDL (colesterol ruim) reduz em 20% as chances de problemas cardiovasculares.

Além do colesterol, características genéticas, idade, tabagismo, hipertensão, diabetes, sedentarismo, obesidade e estresse contribuem para a ocorrência de doenças cardiovasculares. Todos estes fatores são levados em conta pelo médico cardiologista ao avaliar o paciente e estabelecer quais são os seus riscos.

Risco cardiovascular

Tenha em mente que o colesterol não deve ser visto em uma tabela, apenas como um número absoluto. Cada organismo humano possui características próprias. Isso implica que pessoas do mesmo sexo e idade podem ter condições físicas e metabolismo bastante diferentes. Por isso, a mesma taxa de colesterol pode ter significados completamente diferentes entre duas pessoas.

Por exemplo, uma paciente de 32 anos, que não possui fator de risco associado, como fumo e diabetes, nem possui histórico familiar, pode ter um colesterol de 240 e ser considerada de baixo risco. No entanto, uma pessoa do mesmo sexo e idade, porém diabética e hipertensa, pode ter colesterol de 200 (mais baixo que a primeira) e ser considerada de alto risco.

Cabe ao médico identificar e definir qual o risco para cada indivíduo. Lembrando que o uso de medicamentos, como as estatinas, também deve ser determinado pelo médico.

Recomendação de Estatinas

Você sabe o que são estatinas? Elas foram criadas no início da década de 1980 e são os medicamentos mais eficazes para o combate ao colesterol, e redução dos riscos de doenças coronarianas associadas a ele. Estas substâncias agem fundamentalmente no fígado, na região onde o colesterol é produzido. Sua função é inibir o funcionamento de enzimas que produzem o colesterol, impedindo sua formação e reduzindo os níveis da substância no sangue.

O uso contínuo de estatinas não reduz os níveis de colesterol progressivamente, mas sim até um determinado valor. Hoje, existem no mercado diferentes tipos de estatinas, com potências diferentes. Cabe ao médico definir a quantidade e a potência da medicação para que o colesterol seja reduzido até o nível mais adequado para cada paciente.

Outro ponto positivo é que as estatinas agem também nas placas de gordura, quando já existentes nos vasos sanguíneos. Um dos aspectos dessas placas de gordura, por exemplo, é o processo inflamatório que podem sofrer. Quanto maior o processo inflamatório na placa, maior a chance de rompimento e de algum evento cardiovascular, como um infarto.

Dessa forma, estatinas não apenas reduzem o conteúdo de gordura no sangue (através do fígado), mas também reduzem os processos inflamatórios e estabilizam as placas de gordura já presentes nos vasos sanguíneos.

Contraindicações e Relação com Diabetes

Vale ressaltar que as estatinas não são indicadas para pessoas com doenças inflamatórias ativas no fígado. O efeito colateral mais comum são as dores musculares, que atingem de 10% a 15% dos pacientes. Já a rabdomiólise é um efeito colateral mais grave, mas muito raro.

Nos últimos anos, pesquisadores descobriram que o uso crônico das estatinas pode elevar o risco do Diabetes. Contudo, cabe exclusivamente ao médico avaliar os potenciais riscos e benefícios da prescrição para cada pessoa. Em linhas gerais, pacientes com alto risco de desenvolver Diabetes e baixo risco para doenças coronarianas não deveriam usar estatinas. 

Porém, somente o cardiologista clínico pode avaliar e prescrever o uso ou não das estatinas de forma adequada.

Cada pessoa tem um organismo de características únicas. O nível de colesterol tem representações diferentes para cada indivíduo. Todos esses aspectos são considerados na avaliação de risco para doenças cardiovasculares. Assim, é fundamental buscar orientação médica com o Cardiologista para receber a correta indicação de uso – ou não – de estatinas.

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Sobre o autor:

Dr. Esdras C Prado

Dr. Esdras Canfield Prado nasceu no dia 16 de dezembro de 1976 na cidade de Maringá, norte do Paraná, onde iniciou sua formação acadêmica na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduado em 2001, especializou-se nas doenças do coração e desde então vem acumulando grande experiência na área de cardiologia clínica, através de um processo contínuo de estudos e atualizações.

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