O que dizem as diretrizes atuais sobre a Hipertensão Arterial

Coração, cérebro, vasos sanguíneos e rins são as principais estruturas afetadas por uma doença sorrateira. Estamos falando da hipertensão arterial (HA), uma patologia crônica que causa a elevação persistente da pressão arterial (PA).

Lembrando que a hipertensão é um atalho e tanto para doenças cardiovasculares (DCVs), doenças renais crônicas (DRCs) e morte prematura. A estimativa é de que cerca de 25% dos brasileiros sejam hipertensos. Após os 60 anos, o percentual gira em torno de 65%. Já nas faixas etárias mais jovens, a pressão é mais elevada entre homens, mas, depois dos 60 anos, são as mulheres as mais sujeitas ao quadro.

Justamente pela importância do tema, foi divulgada uma nova diretriz sobre a hipertensão arterial. Até então, era considerada hipertensa a pessoa com “máxima” (pressão sistólica) igual ou acima de 140 e “mínima” (diastólica) até 90 mmHg. Ou seja, acima de 14 por 9. O novo parâmetro, porém, apresenta o indivíduo como pré-hipertenso com pressão máxima entre 13 e 13,9 e mínima entre 8,5 e 8,9.

Ou seja, agora é considerada pressão ideal a que registra números abaixo de 12 por 8. As faixas entre 12 e 12,9 e 8 e 8,4 são consideradas normais, mas não ótimas. Quem apresentar esses parâmetros nas medições em consultório já será orientado a iniciar o controle.

Tenha em mente que, apesar das consequências graves, o diagnóstico e tratamento de hipertensos é relativamente simples e eficaz. Ele envolve mudanças no estilo de vida e a introdução de medicamentos que causam pouco ou nenhum efeito adverso.

A maior preocupação, entretanto, é a gestão desses pacientes, pois a hipertensão não possui sintomas. Boa parte das pessoas só toma conhecimento do problema depois que a HA já causou estragos. Por isso, a importância de realizar exames periódicos.

Hipertensão Alta e exercícios

Existe uma relação direta entre falta de exercícios físicos com a elevação da pressão arterial. Saiba que o sedentarismo é um dos dez principais fatores para a mortalidade global, causando cerca de 3,2 milhões de óbitos por ano.

Sendo assim, todos os adultos são aconselhados a fazer pelo menos 150 minutos de atividades físicas moderadas ou 75 minutos de exercícios mais vigorosos por semana. Já os exercícios aeróbicos, como caminhada, corrida, ciclismo ou natação, devem tomar 30 minutos diários, de cinco a sete dias por semana.

Outro ponto importante é que a obesidade geral e a gordura abdominal estão associadas ao aumento do risco de hipertensão. Do lado oposto, a redução de peso promove a diminuição da pressão. 

Sódio e fatores de risco

Vale destacar que o uso excessivo de sódio é apontado como um dos principais fatores para o desenvolvimento da doença. Moderar no consumo de sal é um eficiente meio de controlr a hipertensão, sendo que o efeito redutor é maior em negros, idosos e diabéticos.

Entenda ainda que diminuir o uso de sal entre a população brasileira é prioridade das políticas de saúde pública, porém requer um esforço combinado entre indústria, governos e sociedade. Precisamos romper com costumes “de família” de salgar demais a comida e adquirir o hábito de analisar os níveis de sal em embalagens, uma vez que 80% do consumo acontece involuntariamente, por meio de alimentos processados. 

Para que você entenda melhor a gravidade do consumo de sal, é preciso saber que a recomendação da OMS é de apenas 5 gramas por dia, o equivalente a uma colher de chá. O brasileiro consome o dobro.

Além da redução do sódio, é sugerida outras mudanças na dieta para a prevenção da hipertensão e que também contribuem para a saúde como um todo. Temos, por exemplo, a DASH e suas variantes, que valorizam frutas, verduras, legumes, cereais, leite e derivados, além da diminuição de gordura no cardápio.

Já o consumo excessivo de álcool é responsável por até 30% dos casos de hipertensão arterial e por 6% da mortalidade mundial. A ingestão deve ser limitada a, no máximo, uma garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 ml), duas taças de vinho (12% de álcool, 250 ml) ou uma dose de destilados como uísque, vodka ou aguardente (42% de álcool, 60 ml).

Por fim, a medicina considera que fatores psicossociais, como o estresse, podem contribuir para a hipertensão. Isso porque já existem evidências científicas de que valores morais, emocionais, comportamentais, além de atitudes com relação aos estímulos sociais, podem interferir no controle da pressão.

Saiba que a hipertensão representa uma grande ameaça à saúde. No entanto, felizmente, as possibilidades de cortar esse mal pela raiz são ainda maiores quando diagnosticada precocemente e com mudanças de hábito.

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Sobre o autor:

Dr. Esdras C Prado

Dr. Esdras Canfield Prado nasceu no dia 16 de dezembro de 1976 na cidade de Maringá, norte do Paraná, onde iniciou sua formação acadêmica na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduado em 2001, especializou-se nas doenças do coração e desde então vem acumulando grande experiência na área de cardiologia clínica, através de um processo contínuo de estudos e atualizações.

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