Vacina do COVID e o risco de Miocardite

A miocardite passou a ser muito pesquisada no Google e a aparecer nos grupos de WhatsApp desde que começou a vacinação contra a covid-19 em crianças de cinco a 11 anos no Brasil. Porém, ainda existe muito desconhecimento sobre o assunto.

Primeiro, é preciso entender que a miocardite é uma inflamação nas células do músculo do coração (miocárdio) que pode ser causada por diversos motivos. Entre eles estão: infecções por vírus, bactérias, protozoários ou fungos; medicamentos; doenças autoimunes e consumo de álcool ou cocaína em excesso, entre outros. Mais recentemente, estudos concluíram que a doença também pode ocorrer como consequência da infecção pelo coronavírus..

Tendo isso em mente, é importante entender que crianças possuem muito mais chances de apresentarem inflamação do músculo cardíaco caso sejam infectadas pelo coronavírus do que ao serem vacinadas.

Além disso, elas têm menos risco de desenvolver miocardite (tanto por covid, quanto por efeito colateral de vacina) do que os adultos.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 75% dos casos de miocardite associados à vacina contra covid-19 ocorrem em homens. A idade média dos homens afetados é de 30 anos, após a primeira dose da vacina, e 24 anos, após a segunda dose.

Por fim, saiba que os casos de miocardite em crianças ocasionados pela vacinação, além de serem raros, foram, em sua maioria, leves. Continue a leitura para saber mais sobre o assunto.

Reprodução: Google Imagens

O que é a miocardite?

Trata-se da inflamação do músculo do coração conhecido como miocárdio, responsável por facilitar a contração para bombear sangue. Quando esse músculo inflama, a função de contração pode ser afetado.

Sobre os sintomas da miocardite, o mais comum é dor no peito e algumas pessoas podem ter febre. Em casos mais severos, o paciente também pode sentir falta de ar e inchaço nas pernas. Quando o caso é muito grave, a miocardite pode levar à morte.

Em crianças, de acordo com a Fiocruz, o principal alerta para a miocardite é a ocorrência de taquicardia sem febre.

Qual é a relação entre miocardite e covid?

Tenha em mente que a miocardite pode aparecer depois de uma infecção, qualquer que seja ela, ou devido a uma falha do nosso sistema imune. Uma vez que a covid é uma infecção viral, ela pode causar o aparecimento dessa inflamação.

Alguns estudos apontam que a infecção por coronavírus pode aumentar o risco de desenvolver miocardite em mais de 10 vezes. Em relação à gravidade da miocardite, assim como acontece com o coronavírus, a maioria dos casos é leve, mas pode haver complicações. 

Casos mais graves são mais frequentes quando a miocardite decorre de infecção por covid. As inflamações associadas à vacina são raras e tendem a ser leves.

Tomar vacina contra covid aumenta o risco de miocardite?

Por recomendação do Comitê de Avaliação de Riscos de Farmacovigilância da Europa a miocardite foi incluída como efeito adverso raro das vacinas contra a covid de tecnologia mRNA (Moderna e Pfizer). Porém, o mesmo órgão destaca que a probabilidade de incidência é baixa.

E se a pessoa já possui uma condição cardíaca? A vacinação ainda é recomendada?

Nesse caso, o risco de ficar gravemente doente ao se infectar por covid é maior que o oferecido pela miocardite leve e pouco provável de acontecer associada à vacina. Ou seja, a vacina contra covid também é recomendada nesses casos.

De forma geral e resumida, o objetivo das vacinas é “treinar” nosso corpo para não nos infectarmos ou para que, caso haja a infecção, nosso organismo possa reagir de maneira ordenada.

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Sobre o autor:

Dr. Esdras C Prado

Dr. Esdras Canfield Prado nasceu no dia 16 de dezembro de 1976 na cidade de Maringá, norte do Paraná, onde iniciou sua formação acadêmica na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduado em 2001, especializou-se nas doenças do coração e desde então vem acumulando grande experiência na área de cardiologia clínica, através de um processo contínuo de estudos e atualizações.

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